segunda-feira, 14 de julho de 2008

Cloverfield - Monstro



Não há como não comparar Cloverfield - Monstro a outros dois filmes. A câmera nervosa pilotada à mão pelo diretor Matt Reeves dando a entender que é um dos personagens que filma o que vemos lembra a técnica utilizada em A Bruxa de Blair (1998), enquanto que a idéia do monstro gigantesco que devasta Nova York é claramente uma tentativa de modernizar e repatriar o clássico japonês Godzilla (1954). O resultado, porém, ficou muito abaixo de seus supostos "ispiradores".


A idéia do produtor J. J. Abrams (o criador de Lost) era, de fato, realizar uma versão americana própria do monstrengo nipônico. E olha que as primeiras investidas do bichão à Grande Maçã realmente são de arrepiar. Uma pena que justamente o personagem-título faça o caldo entornar, fazendo de Cloverfield - Monstro uma montanha-russa, cheio de altos e baixos (mais baixos, diga-se).


Se na década de 50 Godzilla representou metáfora para um Japão ainda assustado pelo fantasma da Segunda Guerra, agora Cloverfield assume a mesma função na traumatizada Nova York pós-11 de setembro. Tanto é, que após a primeira explosão causada pelo infame visitante, as suspeitas da população voltam-se a um ataque terrorista. Não demora, no entanto, para que todos percebam que nem mesmo Bin Laden e sua turma seriam capazes de catástrofes de tais dimensões. Bin Laden, aliás, que certamente choraria emocionado com o grande (e único bom) momento do longa: a cabeça da Estátua da Liberdade rolando pelo centro da cidade.


Não bastasse a esdrúxula caracterização do monstro (com direito a minis-Cloverfields vertendo de algum orifício), ainda temos que aturar a "câmera tremida" que, diferente do que acontece em A Bruxa de Blair, mais irrita do que enerva. E mais! Como é um dos protagonistas o responsável pela filmagem, fica difícil aceitar que, diante de tal horror, alguém continue a gravar.


Monstro por monstro, Cloverfield acaba perdendo para si próprio. Talvez (talvez!) fosse melhor ter mantido a criatura às escuras, como em - de novo - A Bruxa de Blair. Numa época em que, para obter credibilidade, tudo precisa ser fotografado e/ou filmado, a idéia, apenas a idéia de um monstro exterminador já seria suficientemente aterrorizante.
CLOVERFIELD - 2008.
DE: MATT REEVES COM: MICHAEL STAHL-DAVID, JESSICA LUCAS, T. J. MILLER GÊNERO: TERROR

NOTA 4,5

2 comentários:

Anônimo disse...

Giu, você me tirou uma dúvida, comentaram este filme comigo, eu até tinha visto o cartaz, mas não lembrava. E olha a surpresa ao visualizar o Blog. Uma postagem do amigo, parabéns pelo texto...

Cl@u disse...

Giu!!! Parabéns, como todos os teus textos: está ótimo....